segunda-feira, 30 de maio de 2016

Realizou-se em Maio de 2019 o almoço-convívio, onde celebrámos os 50 anos da nossa grande aventura. Sempre muito aguardado, serviu para relembrar histórias vividas, encontros e desencontros e, acima de tudo, cimentar a amizade que nos une! Para a posteridade fica a fotografia.





No passado mês de Maio, teve lugar o tradicional almoço-convívio, em Paredes da Beira. Uma vez que este foi o 49º, fica desde já a chamada de atenção para o próximo ano (2019), ano em que cumpriremos as Bodas de Ouro, com encontro marcado para o RI15 - Tomar.






Um momento sempre aguardado por todos, teve lugar no Arneiro - Nisa, o 48º almoço-convívio (2017). Aqui fica o retrato para a posteridade.


Em nome do nosso Comandante e para todos os que participaram, mas também para os que queriam e por alguma razão não puderam fazer, muito obrigado e até ao próximo ano.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

"Da escola de guerra da vida: o que não me mata, torna-me mais forte." F. Nietzsche

C0MPANHIA DE CAÇADORES Nº-2534
DESTEMIDOS E CONFIANTES
ANGOLA-1969/1971




Tomar, Fazenda Madureira, Barragem de Cambambe, Dondo, Bulongongo e Quiquiemba; Mata do Café, Banza de S.Paulo, Mata Bala; picadas de Zala-Madureira-Nambuangongo-0nzo-Beira Baixa; Bolongongo-Terreiro-Quiqiemba; Cambambe-Nange ia Pépe…; são Aquartelamentos, locais ou itinerários que jamais esqueceremos.
Aqui, fomos marcados por momentos difíceis. Aqui, perdemos vinte e sete meses da nossa juventude. Aqui, passamos muitas privações: isolamento, falta de noticias da família e dos amigos, carências na alimentação, problemas que só os que viveram a GUERRA (ações de combate, mortos, feridos,...) podem avaliar.

Dos que partimos, lamentamos a perda de um camarada que não regressou connosco. 
 Dos que regressaram, à data em que escrevo, muitos já partiram deste mundo.
De tudo o que se passou e viveu, “falam” as fotos que se seguem e os textos que se publicam, que mais não são que um modesto contributo para a história que soubemos construir.
Ela só se completará se todos participarem, acrescentando algo mais: fotos, relatos de testemunhos pessoais, etc., etc... Assim o espero.
Que mais uma vez saibamos manter viva a nossa divisa “DESTEMIDOS E CONFIANTES”.


Vosso Comandante
I.O.FREIRE (então Capitão )

Louvores

Citação de Mobilização e Louvor 



terça-feira, 10 de maio de 2016

Em memória de...

Aqui prestamos a nossa singela, mas muito sentida, homenagem a todos os que entretanto partiram.

Adelino Ramos Catraia

Alfredo Pais Lemos

Álvaro da Conceição Fonseca Rainha

Álvaro Pimenta Melo Braga

Aurélio dos Santos Ribeiro

António Ferreira Fernandes

António Jacinto Abrantes de Barros

António José Pedro

António José Rebelo Peralta

António José Ribeiro Rapagão

António dos Santos Martins

Cândido Alves Batoca

Domingos Manuel Almeida Rodrigues

Eugénio Brandão de Carvalho

Egídio Martins Roldão

João Carlos Lopes Bernardino

Joaquim Manuel Simão Teixeira

José de Jesus Soares

José Ribeiro Garraio

José Ilídio Eugénio Ladeira

José dos Santos Rodrigues Guerra

Manuel António Cotrim Nunes

Manuel Ferreira

Manuel Francisco Marau

Manuel Neves Matias

Mário Rodrigues dos Reis

Óscar Augusto Gonçalves

Pedro da Cunha Antunes


A todos eles o nosso eterno agradecimento e um "até sempre".
(Esta lista foi actualizada em 29 de Janeiro de 2020)

A Nossa Epopeia

C.CAÇ. 2534

DESTEMIDOS E CONFIANTES


A Companhia de Caçadores 2534, teve como Unidade Mobilizadora o Regimento de Infantaria Nº15, sedeado em Tomar.

CONSTITUIÇÃO

Oficiais------5
Sargentos---17
Praças--------141

Total de 163 elementos, provenientes de:

Minho---7,1%
Trás os Montes-4,7%
Douro Litoral—7,1%
Beira Alta-15,9%
Beira Baixa-4,6%
Beira Litoral-9,3%
Extremadura-31,8%
Ribatejo-11,5%
Alto Alentejo-2,9%
Baixo Alentejo-2,3%
Algarve-1,8%
Açores-1,6%
Moçambique-0,9%

Conclui-se que a maioria do pessoal era do centro do País, designadamente das províncias da Estremadura e do Ribatejo.

ETAPAS CRONOLÓGICAS

PREPARAÇÃO
01DEZ68---Apresentação dos graduados e inicio da escola preparatória de quadros.
03JAN69---Concentração do pessoal, dando-se inicio à instrução, que terminaria em 01 MAR69
09 a 29MAR69—Decorreu a IAO, tendo-se seguido um período de 10 dias de licença. Após esta licença, decorreu mais um período de instrução até à data de embarque, marcada para 14de Maio de 1969.

PRIMEIRA PARTE DA COMISSÃO
AS NOSSAS TROPAS
1400MAI69-Partida em comboio especial de Tomar para o Cais da Rocha de Conde de Óbidos, onde chegou cerca das 0800horas.
Pelas 1000horas houve formatura geral das Unidades, seguindo-se o desfile e o embarque no navio Vera Cruz. Este começou a navegação às 1200horas do dia 14MAIO69, fazendo escala na Madeira e S. Tomé e Príncipe, chegando ao porto de Luanda a 241100MAI69, donde, após o desembarque seguiu para o campo militar do Grafanil.
030500JUN69-Coluna de dez viaturas civis, iniciou o movimento para a Fazenda Madureira, local que lhe fora destinado.
A viagem seguiu o itinerário :Luanda, Caxito, Sassa, Quicabo, Balacende, Beira Baixa, Aguas Belas, Onzo, Nambuangongo, Fazenda Madureira, onde chegou cerca das 22H30, tendo começado a sobreposição com a C.Caç.2335.
10JUN69—Assumiu a responsabilidade da sua zona de ação, ficando todos os seus efetivos, instalados no aquartelamento da fazenda Madureira.

MISSÃO
A C.Caç. 2534,tem por missão : constituir uma força de reserva à ordem do Cmd. de Setor, realiza patrulhamentos e ações ofensivas sobre objetivos referenciados na sua ZA, executa escoltas no itinerário Nambuagongo-Zala ,ou outros que lhe sejam determinados ,dá proteção aos trabalhos da fazenda e faz a defesa das suas instalações-

AQUARTELAMENTO
Situado no cimo do morro Macusso ,era constituído por estruturas em JC para instalação do pessoal e serviços.
Tinha água potável e energia elétrica fornecida por geradores. A cozinha,refeitório e instalações sanitárias eram precárias.
Na base do morro localizava-se uma pequena sanzala que albergava um grupo de cerca de 50 trabalhadores.
Aproveitando o entusiasmo inicial ,fizeram-se varias obras de melhoramento, designadamente:
  • Lavadouro geral com seis tanques para lavagem de roupa ,fossas exteriores ao arame farpado para saneamento das aguas da padaria ,cozinha e posto sanitário.
  • Divisão do JC (caserna) em quartos individuais para os oficiais subalternos
  • Melhoria das instalações da cozinha, padaria e refeitório.
  • Abrigos contra fogos diretos e de morteiro, capazes de alojar os efetivos da companhia
CARACTERISTICAS DA ZONA DE ACÇÃO
A Zona de Ação, pertencia ao Setor Meridional da Área Militar nº1, tinha uma área de 451Kms. Situava-se na região dos Dembos onde o terreno era muito acidentado e arborizado.
Possuía muitos cursos de agua de que se destacam os rios Macusso, Cauceque, Quengue, Ué, Quilolo, Iala e Onzo.
As principais matas eram frondosas e de penetração difícil, destacando-se a Mata Bala, o Macusso, Mata Canga, Mata do Hinda, Mata do Cauceque, Mata do Café, Banza de S. Paulo, Quilemboa, Quilungo e Cananga.

VIAS DE COMUNICAÇÃO
A única via de comunicação transitável era a picada Nambuangongo-Madureira-Zala .Outras picadas abandonadas :Hinda-Sassa ,fazenda do Elefante ,Quiginga ,fazenda Maria Teresa e picada nova do Zala.

AÉRODROMO
Pista de aterragem ,junto ao Aquartelamento ,com 380 metros de comprimento e um declive de 3 % utilizada por aviões DO-27 e Cessnas monomotores.

POVOAÇÕES
O aquartelamento ficava a cerca de 20kms de Nambuangongo e 20kms de Zala.
As povoações nativas foram destruídas e abandonadas , tendo o pessoal se refugiado nas matas.
O grupo étnico dominante é o dos Ambungos e a língua falada é o Kinbundo.

INIMIGO
O In era agressivo , bem organizado e comandado , atuava em frequentes emboscadas no itinerário Nambuangongo –Zala ,defendia as populações da nossa aproximação mediante vigias colocados nos pontos dominantes , durante o dia , e armadilhas sonoras ou anti/pessoal implantadas nos trilhos , durante a noite.

PRINCIPAIS LOCAIS DE REFUGIO
Banza de S.Paulo e Hinda ;Mata Canga e Quiginga ;Sassa Binge eCaxil ;Quilungo, Cananga e Mata Bala.

TÉCNICAS DE SEGURANÇA DAS ZONAS DE REFUGIO
As populações eram dispersas em pequenos núcleos ,ligadas entre si por vários trilhos, a fim de mais facilmente iludir a observação e aproximação das NT.
Estes núcleos, tinham as lavras afastadas dos locais de refugio e eram protegidas por elemento armados.
Os trilhos de acesso eram na generalidade estreitos e com muitas ramificações pra confundir as NT, tendo na proximidade dos objetivos armadilhas que iam desde as granadas incendiarias, passando pelas ofensivas e defensivas, até objetos sonoros, a fim de alertar da nossa aproximação.
Conclui-se que o In se encontrava bem organizado ,com bons meios de defesa ,profundamente conhecedor do terreno e da técnica de guerrilha ,o que pelas distancias a que se encontrava da nossa base ,tornava difícil a nossa aproximação ,implicando grande desgaste físico.

ACTIVIDADE OPERACIONAL
Para alem da proteção diária aos trabalhos da fazenda ,defesa do aquartelamento ,ligação da bomba de água ,recolha e transporte de lenha ,executava patrulhas de reconhecimento diárias ao nível Gr. de combate ,emboscadas em possíveis itinerários de passagem ,escoltas quinzenais ao MVL, e duas operações mensais ao nível Companhia(2 Gr.Comb.) às áreas de refugio do In.

PRINCIPAIS OPERAÇÕES
Aproveitamento” em reforço ao Batalhão de Nambuangongo ;”Galope 23” , “Galope 24 “e “Galope 25” “Galope 26”e “Inopinada 12”em reforço ao Batalhão de Zala.
Ao nível Companhia: “Lua Cheia” (Mata Canga ); “Mata do Café”(contra emboscada);”Abertura”(Banza de S. Paulo ) ;“Idílio em Setembro ”; ”Querer é Poder”; “Cambalhota”;”Atabuk ”;”Surpresa”; ”Consoada”; ”Morcego” ;”Safari 6”;”Pálida Lua” ”No Cego” ;”Voltamos à Carga “ e “Onda Verde “.
Em muitas destas operações houve contactos com o In. ,tendo-lhes sido causadas pesadas baixas ;destruído os seus acampamentos ;feito prisioneiros e capturado diversas armas e munições.
Durante estas operações, as NT, mostraram em todas as circunstancias grande coesão, disciplina debaixo de fogo e elevado moral,
Sofreram apenas um ferido grave (guia )que foi prontamente evacuado de Heli.
Da sua atuação na AM1 ,fala o louvor que lhe foi atribuído pelo Brig.Cmdt.(Anx.1)

SEGUNDA PARTE DA COMISSÃO

ROTAÇÃO DA COMPANHIA
Em 24 deAbril70,1ºEscalão da C.Caç.2534 rodou para a barragem de Cambambe (Setor do Quanza Norte.
Em 04 Mai70 completou-se a Rotação.
A Companhia , ficou fragmentada:
Na barragem de Cambambe , instalou-se o Comando e dois grupos de combate ,dos quais destacava uma secção para o Dondo(por períodos semanais) e diariamente uma secção para a ponte do Quanza ,para controlo rodoviário.
Dois grupos de combate eram cedidos ,em reforço , às companhias do Bolongongo e do Terreiro.

NOVA ZONA DE ACÇÃO
Dependia do sector Quanza Norte ,tendo uma extensão de cerca de quatro mil Kms quadrados ,constituída por uma zona de terreno acidentado com alguma vegetação mais densa ao longo dos rios ,e uma extensa zona de capim com embondeiros .O terreno era argiloso ,de difícil traficabilidade na época das chuvas e muito poeirento na época seca.
Toda a zona era muito povoada e essencialmente agrícola (mandioca ,milho ,batata doce ,banana ,mamão ,feijão ,amendoim ,café ,manga ,algodão e óleo de palma ,são os principais produtos.
Não se verificava qualquer atividade In na zona, as populações eram ordeiras e mostravam-se colaborantes.

NOVA MISSÃO
Defesa da barragem e linhas aéreas ; defesa das populações do Dondo ,Cambambe e Massangano.
Controlo das sanzalas ,tráfego rodoviário ,ferroviário e fluvial.
Segurança dos itinerários.
Rondas diurnas e noturnas para controlo das populações e captura de indocumentados.

ATIVIDADE OPERACIONAL
Semanalmente eram feitas duas patrulhas de reconhecimento e ação psicossocial ,com apoio sanitário em toda a zona de ação.
Inopinadamente ,eram realizadas rusgas às sanzalas ,controlando as populações ,capturando os indocumentados que eram entregues às autoridades administrativas.(139,durante a nossa permanência).
Efetuaram-se ainda ,batidas em zonas consideradas suspeitas ,em colaboração com a PSP do Dondo e a DGS de Salazar.
Na sequencia de informações recolhidas ao longo de alguns meses ,em colaboração com a DGS ,foi detetado um aquartelamento In ,tendo sido destruído ,abatido um comissário politico que se encontrava armado ,apreendida uma espingarda automática e diverso material e documentos ,que levaram à captura de vários comités políticos já instalados no concelho do Dondo.

FIM DA COMISSÃO
Em 7,9 e 12 de Julho71, a companhia deslocou-se para o campo militar do Grafanil ,a fim de aguardar embarque, previsto para 17 deste mês.
Em 16 de Julho, teve lugar a formatura geral, de despedida do Gen.Cmdt.Geral de Angola.
Em 27 de Julho, o navio Vera Cruz, acostava ao cais da Rocha Conde de Óbidos, tendo a Companhia seguido, de imediato, para o R.I.15, em Tomar onde se processou a passagem à disponibilidade.

DADOS ESTATISTICOS
MORTOS----------------1(acidente por afogamento)
FERIDOS--------------1(em combate), 1(por acidente com arma de fogo), 5(por acidente de viação)
CONDECORAÇÕES
Cruzes de guerra --------2
Prémios Governador Geral-----4
LOUVORES
Pelo Gen.Cmdt.Geral de Angola--------12
Pelo Brig. Cmdt. Setor------------------17
Pelo Cmdt.Companhia-------------------55

NOTA PESSOAL

A COMPANHIA DE CAÇADORES-2534,FEZ HISTÓRIA

História no RI15,história na Madureira ,história em Cambambe ,Dondo ,Bolongongo e Quiquiemba.
História em Zala ,Nambuangongo ,Mata do Café ,Mata Bala ,Banza de S.Paulo, Canacassala ,Quilemboa ,Hinda ,Dange-ia-Menha ,Nangue –ia-Pepe ,Terreiro ,Quiculungo ,Salazar….história onde esteve ,atuou ou passou….
Que o digam as marcas deixadas nos aquartelamentos ,que o digam os resultados operacionais alcançados ,que o diga o comportamento dos seus Oficiais ,Sargentos e Praças…
É legitimo ,portanto ,que vos revele a todos ,ter sido um privilégio ,uma honra e uma oportunidade ímpar na minha vida de militar comandar uma Unidade de elite ,porque servida por militares de elite.
O grande Mouzinho escreveu :”A maior honra que um homem pode ter é ter sido Soldado “.Nós fomos soldados da C.Caç.2534,nós fomos Soldados de PORTUGAL .Por isso todos nos devemos orgulhar .Eu orgulho-me.
I.O.F(Cmdt.)


Fotografias

Este "álbum de família" pode e deve ser completado com o contributo de todos. Partilha as tuas fotos, bilhetes de cinema, senhas de cantina, telegramas, cartas de amor e maldizer...



Insígnia


47º almoço de confraternização - Esposende (2016)

Fazenda Madureira

Fazenda Madureira

Fazenda Madureira

Fazenda Madureira (acampamento)

Fazenda Madureira (acampamento)

Fazenda Madureira (acampamento)

Fazenda Madureira (aeródromo)

Fazenda Madureira (aeronave DO)

Fazenda Madureira (aeronave DO)

Fazenda Madureira (memorial)

Fazenda Madureira (depósito de água)

Fazenda Madureira (Morro do Carlitos e sanzala)

Fazenda Madureira (Morro do Carlitos e sanzala)

O saudoso Nunes

Cambambe (barragem)

Cambambe (barragem)

Cambambe (ponte sobre o Kuanza)


Cambambe (posto de controle)

Cambambe (quartel)

Cambambe (quartel)

Kikiemba (picada)

Kikiemba (povoação)

Kikiemba (povoação)

Kikiemba (povoação)